Boa noite!!!
A penúltima parte do nosso tema da semana: A formação do Egito.
Por volta do início do V milênio, grupos de homens começaram a se fixar em oásis e nas margens do Nilo..Os processos migratórios desse tempo são complexos e confusos, mas o certo é que por volta do ano de 4.500 a.C. muitas comunidades estavam estabelecidas às margens do Nilo, essas comunidades formavam vilas e eram administradas por vilas maiores. Essas vilas chamavam-se "Nomo".
A teoria da "hipótese causal hidráulica", apesar de coerente, (os egípcios viviam da pesca e da inundação do rio que fertilizava o solo para agricultura) já não é mais tão bem aceita por historiadores, pois não há documentos que comprovem o controle do Estado Egípcio dos meios de irrigação do rio Nilo.
Falamos sobre a etnia egípcia e sua complexidade, além da visão artificial que se tem do antigo Egito, onde não se relaciona essa importante civilização com a história da África. O período pré-dinástico, foi caracterizado por muitas guerras e conflitoso que resulta na formação dos dois Egitos. O alto e baixo Egito.
A unificação dos Nomos foi um processo que precisou muito além de forças e alianças militares, alguns historiadores dizem que se não fosse a escrita, provavelmente essa união nunca teria acontecido. A escrita é necessária para controle de tributos, arsenal militar e da população, se faz necessária para a contagem das terras e registros de grandes feitos. A escrita, provavelmente vem da influência de imigrantes da Mesopotâmia.
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Paleta de Narmer |
Nós vimos ontem que no vale do Nilo, a política se transformava através de tratados e conquistas, formando então o Alto Egito, povo de Set. Já no delta, devido às influências citadas acima, os nomos se unificavam em Baixo Egito, povo de Hórus. Configura-se então o Alto Egito, localizado no Vale do Nilo e o Baixo Egito, localizado no Delta do Nilo.
O historiador grego Mâneton, que viveu em Alexandria na época da XXXI Dinastia, fez uma lista de todos os faraós do Egito, e o unificador dos dois Egitos teria sido um faraó chamado Menés (nome grego para Narmer). Com o grande incêndio e destruição da biblioteca de Alexandria não se sabe quais fontes usadas pelo historiador.
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Coroa Branca(Hedjet) / Coroa Vermelha (Desheret) |
Narmer é o primeiro faraó que a arqueologia tem indícios para considerar ele como o grande Menés. A lendária paleta de Narmer, que mostra em uma de suas faces, o faraó com a coroa branca do Alto Egito, e na outra face, o faraó usa a coroa vermelha do Baixo Egito. Segundo a tradução de Sir Alan Gardiner, um dos maiores especialistas contemporâneos em hieróglifos, apesar de a escrita do tempo de Narmer, é possível notar que Narmer está sendo saudado como conquistador do norte (Baixo Egito), tendo matado 1400 homens e capturado 400 mil bois e 1,422 milhão de cabras, além dos estandartes dos Nomos do Baixo Egito.
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Coroa Dupla: Pschent. Representando Unificação do Egito |
Ontem, falei que o Alto Egito tinha como sua principal divindade Set e do Baixo Egito era Hórus, se o Baixo Egito foi conquistado, por que Hórus se torna Deus da monarquia Egípcia?
Narmer, talvez estivesse com disposição para apaziguar a região conquistada, dando uma consciência de unidade em relação a seu conquistador. Narmer casou-se com uma princesa do Baixo Egito e iniciou-se assim a construção de um Palácio, esse palácio ficava localizado quase na divisa dos dois Egitos e ali foi fundada Mênfis, a capital do Egito unificado.
Os sucessores de Narmer mantiveram a prática de se casarem com as princesas do norte, e fizeram de tudo para manter a união como um acordo entre as partes e não como uma imposição, porém a destruição da monarquia do Baixo Egito e seu Deus, Hórus "servindo" a Set, fez eclodira diversa revoltas e a I Dinastia acabou se encerrando de forma trágica, com o assassinato do Faraó Qa'a.
Amanhã, na última parte falaremos mais sobre as Dinastias, religião e práticas funerárias...