quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

ARQUITETURA EGÍPCIA

Boa noite!

Devido a alguns problemas, demos uma pausa nas nossas publicações, pedimos perdão, mas estamos de volta! O post de hoje é sobre a arquitetura egípcia.

Os egípcios são conhecidos por manifestarem toda sua religiosidade nas artes e na arquitetura, dando ares monumentais a templos e túmulos de seus faraós. As pirâmides são as construções mais conhecidas e mais lembradas quando se fala em túmulo, porém antes de construírem as grandes piramides, a realeza era sepultada em mastabas. 






Mastaba:

Mastaba do faraó Shepseskaf.
 IV Dinastia (2.510 a.C)
Mastaba significa "casa eterna", tinha formato de tronco de pirâmide (acredita-se que a primeira pirâmide do faraó Djoser tenha sido projetada para ser uma mastaba), e eram onde os membros da realeza eram sepultados. Foram construídas durante a I Dinastia (3.100 a.C) e eram feitas com tijolo a base de argila e palha exposto ao sol (adobe) e tijolo de pedra calcária talhada com uma leve inclinação para o interior, vistos de longe, a mastaba pare ser um banco de pedra. 

A mastaba possuía uma câmara funerária escavadas bem abaixo da base ligando à entrada, a porta estava conectada a uma capela funerária ou um templo, e suas paredes eram revestidas com pinturas murais. Na parede em frente à porta da capela simula-se uma outra porta, fictícia, simbolizando a ligação ao Reino dos mortos. A simbologia mistura-se com a crença de que poderá facilitar o regresso do morto ao Reino dos vivos.

                                  

Existem muitas mastabas pelo Egito, e uma grande variedade de pinturas murais, essas imagens retratam, na maioria das vezes, o cotidiano do antigo Egito. Por esse motivo que esses monumentos funerários são peças importantíssimas para o estudo da história dessa civilização, pois retratam a vida da classe  mais simples, em contrapartida com as pirâmides que ilustravam majoritariamente a vida na corte.

Pirâmides:

Necrópole de Gizé
Pirâmides Quéops, Quefren e Miquerinos
São construções monumentais e as mais conhecidas do antigo Egito.As primeiras pirâmides conhecidas são encontradas em Saqqara, ao nordeste de Mênfis. A primeira, como antes mencionada foi a do faraó Djoser construída entre 2630 a.C-2611 a.C. na III Dinastia, esta pirâmide foi projetada pelo arquiteto Imhotep.

As pirâmides mais conhecidas estão localizadas na necrópole de Gizé, situada nos arredores da cidade do Cairo, ali se encontram as maiores já construídas como por exemplo a pirâmide de Quéops, sua estrutura original chega a mais de 140 metros de altura, ela é a única das sete maravilhas do mundo antigo que ainda permanece. 

As Pirâmides de Gizé não eram consideradas estruturas isoladas mas integradas num complexo arquitetônico. Foram encontradas cerca de 100 pirâmides no Egito mas a maior parte delas estão reduzidas a pequenos montes de terra.

Embora de natureza mística, para a construção dessas pirâmides, usou-se uma série de conhecimentos de trigonometria voltados às dimensões da terra redonda e projeções celestiais. Se a meridiana, do ponto em que se encontram até a interseção do indico com o continente africano, fosse dividida em 6.666.666 unidades, cada unidade equivaleria ao metro padrão e toda a sexta parte da circunferência da terra redonda.

Pirâmide do Faraó Djoser
III Dinastia
As formas das pirâmides representam o monte primordial, o povo egípcio acreditava que  essa forma piramidal representava os raios do sol, tanto que a maioria das pirâmides eram revestidas de pedras calcárias brancas e polidas, imagina-se a beleza que eram dando a impressão que eram brilhantes. 

Todas as pirâmides foram construídas na margem ocidental do rio Nilo, local onde ocorre o pôr-do-sol, associado ao reino dos morto na mitologia egípcia.

Templos:

Templo de Abu Simbel
Ramses II
Os templos são as construções mais comuns no antigo Egito, com finalidades para cultos oficiais e para celebração dos faraós, possuíam decorações inspiradas na paisagem egípcia, como palmeiras, papiros, flores de lótus, etc.  Os templos eram suntuosos e sustentados por colunas.

Os tipos de colunas egípcias:
• Palmiforme – inspirada na palmeira branca;
• Papiriforme - flores de papiro. O fuste da coluna papiriforme é igualmente fasciculado, desta vez em arestas vivas. Quando as umbrelas estão abertas, o capitel é chamado de campaniforme;
• Lotiforme – capitel representa um ramo de lótus com corolas fechadas e o fuste reproduz vários caules atados por um laço.

Templo de Ramses III
Medinet Habu
Os templos apresentam forma tripartida: pátio colunado, salas hipostilas (sustentado por colunas) e santuários. Eram c consideradas casas dos deuses a quais foram dedicados, eram dentro desses templos que eram realizados rituais e oferendas. Cuidar e abrigar os deuses era obrigação e dever do faraó.

Os grandes templos também eram proprietários de grandes extensões de terra, e empregavam milhares de cidadãos comuns para satisfazer suas necessidades. Assim, eram também centros de grande importância econômica, e não só religiosa. Os sacerdotes que administravam estas instituições poderosas tinham uma influência considerável, e apesar de sua aparente subordinação ao rei, chegavam a representar um desafio considerável à sua autoridade.

A construção dos templos eram pensadas para resistir ao tempo, eram construída sobre fundações de lajes de pedra depositadas em valas que eram cobertas por terra. As paredes eram erguidas com grandes blocos de pedras de diversos tamanhos. A construção de templos não terminava depois que o projeto original estava completo; os faraós frequentemente reconstruíam ou substituíam estruturas danificados do templo ou erguiam novas estruturas ao lado das que já existiam. No decorrer destes acréscimos, frequentemente antigos edifícios de templos eram destruídos para que seu material fosse usado no interior das novas estruturas. Em algumas raras ocasiões isto parece ter acontecido porque as antigas estruturas ou os responsáveis por sua construção passaram a ser execrados, como ocorreu com os templos de Aquenáton.


Por hoje é isso!!!




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A MAGIA DOS AMULETOS EGÍPCIOS



Artefato (objeto) criado ou adquirido, possuía poder mágico e de proteção para quem o tinha ou usava. A palavra amuleto é de origem árabe e significa aquilo para conduzir ou carregar. NO antigo Egito, os amuletos designavam uma extensa classe de objetos e adornos feitos de materiais variados, com o objetivo de proteger ou servir um indivíduo. 

De acordo com Eleanor L. Harris, tais peças eram usadas tanto pelos vivos quanto pelos mortos como proteção contra inimigos visíveis e invisíveis. 

Energizados com palavras mágicas, conjurações, os amuletos irradiavam uma força sobrenatural que, segundo os egípcios de todas as classes, era considerada necessária à vida.

Vamos ver os principais amuletos utilizados pelos antigos egípcios!




Fênix: significava o poder de Auset - Ísis, acreditavam que trazia o poder da Mãe Divina. Tradicionalmente era feito de ouro, com o Shen, círculo do infinito e da proteção. Consideração o pássaro da renovação, também era associado ao ciclo solar.
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Ankh: um dos amuletos mais conhecidos nos dias de hoje. O símbolo da vida e um amuleto adotado por todos os deuses. O Ankh é também um sinal hieroglífico e confeccionado em ouro e aparece muito nas jóias antigas junto aos pilares Wedjat e Djed, os três símbolos combinados ofereciam muita proteção. 
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Tyet: cinturão de Auset (Ísis), feita de ouro ou algum metal dourado com materiais incrustados de preferência na cor vermelha, pois representava o sangue de Ísis. Este amuleto era usado como pingente e se origina de uma lenda da mitologia egípcia: quando Seth matou seu irmão Osíris (Ausar), ele não sabia que Auset carregava o legítimo herdeiro no ventre; Hórus (Heru). Com medo de que Seth descobrisse a gravidez e quisesse matá-la, Ísis fugiu para Chimmis no delta do Nilo e deu à luz a Hórus. Para proteger o recém nascido, ela retirou a sua cinta e amarrou em torno do corpo do recém nascido. Foi o nó feito nesta cinta mágica que deu a forma ao amuleto Tyet que se tornou um símbolo de proteção. Quando o recém morto possui este amuleto, ele pode atingir qualquer lugar no mundo das trevas (submundo). O Tyet é um poderoso amuleto de evocação, no processo de abandonar o corpo físico em qualquer magia.
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Heqet: sapo. É o símbolo da deusa do nascimento, Heqet. Heqet ajuda Osíris a retornar do mundo dos mortos após ser assassinado por Seth e desta forma, o sapo ficou conhecido como símbolo de ressurreição. Sua figura começou a ser muito usada em anéis. Magos começaram a usar sua figura em ferramentas de invocação, pois acreditam que imprimia grande poder de criação.
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Leão: amuleto muito popular de proteção. Na imagem acima temos a cama de Tuthankamon e a própria cama era um amuleto de invocação de proteção enquanto o faraó dormia. Para os egípcios, era necessário que houvesse um guardião durante a noite, de maneira que um novo dia pudesse surgir todas as manhãs, então era muito comum que eles fizesse as suas camas na forma dos dois leões protetores.
Os egípcios acreditavam que dois leões vigiavam o horizonte, um no leste e outro no oeste. O leão que ficava no leste guardava o nascer do sol, e o leão do oeste guardava o por-do-sol. 
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Flor de Lótus: para os egípcios, o lótus era sagrado, estava praticamente em tudo. Relevos, afrescos, colunas, perfumava o ambiente e era considerado o Suor de Rá, o deus Sol. Deusas e sacerdotisas eram representadas segurando ramos de flor de lótus em templos ou paredes das tumbas. Símbolo de regeneração era utilizado em feitiços e magias para encantamentos de amor e cerimônias espirituais.
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Menat: representava a força da reprodução original que deu início a vida humana. Este amuleto já era usado no Egito desde a VI Dinastia. Deuses, reis, sacerdotes e sacerdotisas usavam ou carregavam o Menat. Suas atribuições mágicas eram saúde, alegria e força. Tanto nas cerimônias religiosas ou de invocações, as sacerdotisas seguravam um Menat na mão para oferecer aos deuses. O anfitrião de uma casa também oferecia aos seus convidados como sinal de hospitalidade. A deusa Hathor é associada ao Menat e quando invocada pelos egícpios era para cuidar das pessoas doentes e deprimidas. Eleanor L. Harris, em seu livro Magia e Divinações do Antigo Egito, relata que os pingentes e artefatos na forma de Menat encontrados no Egito possuem inscrições dirigidas a Hathor. Em uma delas, se lê: "Adorado por Het-heru (Hathor), a senhora dos plátanos." Essa inscrição mágica servia para energizar o amuleto e fazer com que seu dono usasse o poder de Hathor para obter a qualidade sagrada atribuída ao plátano.
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Cetro de papiro: somente sacerdotes, sacerdotisas e membros da realeza podiam usar este amuleto, tanto nas cerimônias religiosas quanto nas de magia. Simbolizava também poder e autoridade.
No que se sabe até então, este amuleto era só utilizado nas cerimônias funerárias e mais adiante, lá pela XX Dinastia o amuleto tenha sido associado a Ísis, que herdou o poder de seu pai. Este amuleto era confeccionado em porcelana verde (como a imagem) ou azul claro. El cerimônias de magia, trazia o vigor e a renovação.
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Escaravelho: um dos amuletos egípcios mais conhecidos. Por seu um inseto que rolava com astúcia o esterco e era capaz de fazer um ninho para acomodar seus ovos, estes dois procedimentos eram considerados atos de criação pelos egípcios. Eles rolavam suas bolas do leste para oeste, enterravam-nas por um período de oito a vinte dias. Esse processo parecia imitar o movimento do sol cruzando o céu. O amuleto de escaravelho é uma imagem de Khepri, o deus da Criação, que representa o Sol renascendo na madrugada, representando assim a continuidade do processo de criação.
O besouro (inseto) era muito usado na magia. Os magos submergiam o escaravelho no leite de uma vaca negra e, em seguida, colocavam-no em um braseiro, desta forma, os deuses invocados na magia poderiam se manifestar mais rapidamente e responder às perguntas com exatidão. Para cortar um feitiço feito contra alguém, bastava o mago cortar a cabeça e as asas de um escaravelho grande, aferventá-las, colocá-las em uma infusão no óleo de serpente e fazer a pessoa beber a poção. O amuleto escaravelho funerário, eram chamados de escaravelho-coração, feitos de pedra dura que eram depositados no lugar do coração, no peito da múmia. Muitas vezes o escaravelho está incrustado numa moldura retangular, fixada sobre o peito do morto. Tais amuletos foram encontrados também no tórax de certos animais sagrados. O da imagem acima é o escaravelho-coração de Tuthankamon.
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Escorpião - Serqet: amuletos de escorpião representavam a deusa Serqet, que poderia se apresentar como a imagem acima; um escorpião com cabeça humana ou uma mulher com um escorpião na cabeça. Esta deusa e por consequência seu amuleto ajudava na hora do parto da realeza e dos deuses. Os amuletos de escorpião eram bastante utilizados nas magias de cura, eram colocados nos pescoços do enfermo, inclusive de pessoas picadas por um escorpião. Amuletos de escorpião repeliam o perigo de davam proteção.
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Serpentes: Eleanor L. Harris, menciona que figuras de vários tipos de serpentes eram usadas como ornamentos nos amuletos egípcios. Algumas serviam de proteção contra picadas de cobras, enquanto outras representavam os inimigos ou eram usadas como poderosos instrumentos de magia.


Papiro de Dama Heroub - XXI Dinastia

A serpente Ouroboros era retratada em círculo, engolindo a própria cauda. Ela simbolizava a totalidade e aparecia nos amuletos de proteção e em outros amuletos destinados a proporcionar união. No papiro ao lado vemos um jovem príncipe sendo envolvido pela Ouroboros.





As serpentes da realeza eram duas, ambas fêmeas. Uma delas se chamava Edjo, deusa do período pré-dinástico que simbolizava a soberania sobre o Baixo Egito e poderia ser representada como uma mulher. A quantidade de voltas que ela tinha no seu corpo significava um maior poder.






A outra deusa, se chamava Nekhbet, reinou no Alto Egito e era desenhada ora como abutre, ora como serpente com cabeça de abutre.





O amuleto de cobra se chamava Uraeus e era usado na testa, preso a faixas ou à coroa da realeza ou dos deuses.


Diadema de Tuthankamon

Detalhe do diadema - Uraeus

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Olho de Rá: O olho solar, olho do deus Sol e simboliza as deusas que derrotam os inimigos da ordem e da luz. Uma particularidade aqui, pois o poder do Olho de Rá é a personificado por muitos deuses. Outro fato importante; muitos confundem o Olho de Rá com o Olho de Hórus, o olho de Rá é o olho direito e é o SOLAR, de Hórus é o esquerdo e é o olho LUNAR. O Olho de Rá é um dos grandes amuletos do antigo Egito e na mitologia egípcia, os dois são considerados idênticos em significado e poder. Frequentemente os dois aparecem juntos formando um amuleto capaz de irradiar força curativa de Hórus (Heru) e a força protetora de uma deusa que pode ser Sekhmet.

Olho de Rá e Hórus
Ainda falando em mitologia, esse amuleto teve origem na História da Criação: No princípio da existência, só havia a escuridão. O Deus Rá-Atum tinha dois filhos - o deus ar, Shu e a deusa da umidade Tefnut, que se aventuraram para explorar a escuridão. Temendo que seus filhos tivessem desaparecido, Rá-Atum removeu seu olho divino e lançou-o na escuridão para encontrar seus filhos. Seu olho virou o Sol e ficou conhecido como o Olho Solar.
Na utilização de encantamentos e magias, este olho era desenhado na frente de papiros mágicos com o objetivo de proteger as palavras mágicas e conferir poder. Era usado em feitiços de amor, com o intuito de separar casais.
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Olho de Hórus (Wedjat): amuleto bastante comum no antigo Egito e usado como pingente nos dias atuais. Era chamado de Wedjat e tinha a finalidade de proporcionar o vigor, saúde e sorte ao seu dono. Acima de tudo, era um poderoso símbolo de proteção








sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

AS MULHERES DO ANTIGO EGITO - PARTE 5

Boa noite, última parte sobre o tema da semana já disponível!!!!

Nefertari
 Falamos durante essa semana sobre as mulheres no antigo Egito, e o post de hoje é breve falaremos sobre a importância das "Rainhas-mãe",

José Nunes Carreira, um pesquisador português exalta em sua obra a figura da rainha e sua importância para os faraós e para o Egito. Para ele, a retratação da mulher na arte egípcia (em seus afazeres domésticos e do campo) não deve ser vista com inferioridade. A figura feminina encontra-se na arte, na literatura e nas tumbas revelam a grande importância social que a mulher possuía.

Sabendo que o faraó era considerado filho dos deuses, Carreira aborda em seu trabalho a relevância que a figura da Rainha-mãe possuía, pois, ela deu à luz um filho de deuses.

"A nobre função da rainha-mãe como guardiã da tradição e portadora de legitimidade volta a sobressair num dos reinados mais faustosos do Egito – o de Ramsés II. O faraó celebra sua mãe Tuy, a «grande esposa real» de Seti I, em construções, relevos e estátuas. Os monumentos espalham-se por muitos lugares do país, de Abu Simbel, no extremo sul, à cidade de Ramsés, no Noroeste do Delta. Até uma estátua de rainha da XII dinastia, velha de 600 anos, foi aproveitada e remodelada para representar a querida mãe, «a princesa, grande em perfeição, grande em amabilidade, mãe do rei do Alto e Baixo Egito, esposa do deus e esposa real, Tuy." (CARREIRA, p. 10, 2001)

Falar da mulher comum é muito difícil, pois há poucos registros. Sabe-se que o trabalho burocrático era voltado para os homens, porém, segundo Carreira, havia uma mobilidade social para as mulheres. Em uma obra entitulada "As Mulheres na História", afirma que é possível identificar mulheres em cargos como escribas, juízes, inspetoras.

Espero que tenham gostado,

Até o próximo tema da semana que vem... :) 

BIBLIOGRAFIA

CURADO, Maria Clara. (org) A mulher na História. 2001.
PRATAS, Glória Maria. Trabalho e religião: o papel da mulher na sociedade faraônica. Revista Mandrágora, v.17. n. 17, 2011.
CARDOSO, Ciro Flamarion. Deuses, múmias e ziggurats. Uma cimparação das religiões do Egito  e da Mesopotâmia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.
CAMARA, Giselle Marques. Maat: O princípio ordenador do cosmos egípcio. Rio de Janeiro: Revista Atualidade Teológica (PUC-RJ), ano XI, agosto 2007.



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

AS MULHERES DO ANTIGO EGITO - PARTE 4


Boa noite, disponível quarta parte do tema da semana :)



Ontem sobre a representação feminina no panteão feminino, Um dos pilares da construção (digamos assim) da sociedade egípcia residia na existência de deuses e homens e de uma forma diferente de encarar o tempo. O tempo era uma concepção mítica de mundo contínuo, ou seja reviver o início de tudo era uma forma de estabelecer a sociedade organizada e produtiva. No centro dessa visão, surge um conceito, uma personificação feminina que conecta a visão de mundo e tempo: Deusa Maat.

Hoje, disse que iria falar sobre as mulheres que alcançaram altos postos na política do antigo Egito. Algumas mulheres foram destaque na condução do país, podemos destacar Hatchepsut, Cleópatra e Nefertiti. 
Falamos sobre Hatchepsut na nossa page do facebook:



"Hatchepsut foi uma rainha-faraó da XVIII Dinastia, governou com o nome de Maatkara Hatshepsut. O nome Hatshepsut, com o qual ela se tornou conhecida, era, na verdade, um título cuja tradução quer dizer "a primeira das nobres senhoras".


Ela é conhecida na história como a primeira faraó mulher! Após seu pai Tutmés I ter morrido, ela se casou com seu meio-irmão, Tutmés II, que morreu 4 anos depois, deixando como herdeiro do trono um filho com uma concubina, como a criança era muito pequena, Hatchepsut assumiu a coroa por 22 anos sempre tendo o cuidado de deixar o menino bem longe do trono.


Hatchepsut dedicou a maior parte de seu reinado com o embelezamento do Egito, mas empenhou-se em campanhas militares pela Núbia.


Aos poucos Tutmés III foi se fortalecendo e querendo tomar o seu poder, misteriosamente vários assessores de confiança de Hatchepsut morreram no mesmo ano, sua filha faleceu, Hatchepsut então afastou-se do poder e morreu abandonada por todos."  



A mulher retratada nas pinturas é sempre aquela que cuida de seus afazeres domésticos, dos filhos. O que faz a gente levantar a questão: as mulheres que exercem um tipo de poder político foram fatos isolados? 

De acordo com a pesquisadora Glória Maria Pratas, havia uma rígida hierarquia baseada em critérios econômicos e religiosos, porém havia um estatuto da mulher, o que coloca a mulher em uma posição quase igual ao homem. Na parte 2 desse tema falamos sobre isso, acesse o link aqui.

Além de Hatchepsut, podemos destacar Cleópatra, a rainha mais famosa do Egito. Apesar de ser retratada apenas por sua beleza e por seu apelo sexual para atrair grandes governantes do mundo, Cleópatra foi uma mulher muito inteligente, falava diversas línguas, era uma excelente estrategista militar e uma ótima negociante. Antes de falecer, seu pai, Ptolomeu XII nomeou Cleópatra e seu irmão de 15 anos Ptolomeu XIII como governantes do Egito e deveriam reinar juntos, como de costume, ela casou-se com o irmão.  


Cleópatra sabia que Roma era maior potência do mediterrâneo, portanto devia manter uma boa relação com ela se quisesse se manter no poder. 

A icônica cena de Cleópatra enrolada no tapete para se encontrar com Júlio César é relatada em fontes antigas. Ela teria marcado um encontro com César para dar-lhe um presente, e esse presente seria um tapete, enrolado nele estava a própria Rainha do Egito, tornaram-se amantes.

A lenda conta que Cleópatra se matou deixando-se picar por uma cobra. Leia aqui o post na nossa page no facebook sobre ela clicando aqui.


Amanhã falaremos mais sobre essas grandes mulheres, fiquem ligados!

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

AS MULHERES DO ANTIGO EGITO - PARTE 3

Boa noite, tudo bem? Apresentamos a terceira parte do tema da semana.

Maat

Ontem falamos sobre os direitos jurídicos da mulher do antigo Egito, claro que sempre destacando que as mulheres de classes mais abastadas tinham mais acessos a esses direitos, além de acessos a outros recursos para poder viver bem.

Hoje falarei sobre a representação feminina no panteão feminino, sobretudo na Deusa Maat.

Um dos pilares da construção (digamos assim) da sociedade egípcia residia na existência de deuses e homens e de uma forma diferente de encarar o tempo. O tempo era uma concepção mítica de mundo contínuo, ou seja reviver o início de tudo era uma forma de estabelecer a sociedade organizada e produtiva. No centro dessa visão, surge um conceito, uma personificação feminina que conecta a visão de mundo e tempo: Deusa Maat.
Maat

Maat é a deusa da justiça, da verdade, da retidão e da ordem. Ela é responsável pela manutenção da ordem cósmica e social, ela é tanto deusa como conceito. Podemos dizer que ela transitava entre os dois mundos: o dos homens e dos deuses, pois ela influenciava não só a ordem do universo, como também regia a sociedade e o modo de pensar dos egípcios. A deusa é representada como uma mulher com vestes longas, sentada sobre os calcanhares  com asas ou em pé, possui uma pena de avestruz na cabeça, segurando um cetro, símbolo do poder, em uma mão e um Ankh, símbolo da vida eterna, na outra. A representação dessa deusa é datada de pelo menos desde o princípio do Antigo Império.
Você pode ler mais sobre isso aqui.

A principal e talvez mais conhecida divindade egípcia é Ísis, protetora da natureza e da magia, deusa da maternidade e fertilidade. Os primeiros registros de sua adoração datam da V Dinastia, acredita-se que a origem de seu culto tenha sido no delta do Nilo.

Ísis era retratada como uma mulher de vestido longo, coroada com um Hieróglifo.  Durante o novo Império Ísis acabou sendo ligada a Hathor devido aos seus atributos parecidos e a utilizar na cabeça os chifres de uma vaca, com o disco solar entre eles. As vezes foi mostrada apenas segurando o símbolo Ankh em suas mãos. Ísis se torna a Deusa-mãe do Egito.

A representação feminina no panteão egípcio é forte, se eu falasse de todas as deusas importantes eu escreveria um livro. Apenas em elucidar o culto a Maat e na sua representação como criadora e mantedora da ordem social e cosmológica, pede-se perceber que no "início" acreditava-se que a criação do mundo foi dádiva de Deusas femininas, provavelmente ligado à noção da fertilidade.

Além do mundo divino, as mulheres do antigo Egito também tiveram participação política, como por exemplo Hatshepsut, grande esposa real e regente do Faraó. 

Amanhã falaremos mais sobre a influência das mulheres na política.


terça-feira, 31 de janeiro de 2017

AS MULHERES DO ANTIGO EGITO - PARTE 2

Boa Noite, chegamos com a segunda parte do tema da semana.


No texto de ontem vimos que as mulheres da sociedade egípcia antiga alcançaram posições elevadas, e que gozavam de direitos jurídicos, Mas vamos elucidar alguns fatos: quando falamos de mulheres, não podemos ter uma noção homogênea desse grupo, mulheres com posições sociais mais elevadas possuíam maior acesso a esses direitos.

Deste modo, a sociedade não pode ser vista como homogênea, pois as  mulheres de classes mais abastadas possuíam maior acesso a recursos como a educação, mas é de concordância geral entre pesquisadores que o papel da mulher, seja em qualquer classe econômica, era de cuidar do lar, dos idosos e dos filhos, portanto, a mulher do antigo Egito era sobrecarregada em suas responsabilidades.

Para Morley e Salariya (1999) a lei egípcia reconhecia seus direitos e elas podiam ir aos tribunais reclamá-los, caso sentissem que estavam sendo tratadas de modo injusto. “as mulheres eram bem tratadas no antigo Egito. Elas podiam receber uma remuneração e ter propriedades”. (p.34). 

A lei egípcia garantia a mulher possibilidade de prestar queixa do marido que a maltratava, esse aspecto denota que o papel da mulher não era de inferioridade. Por exemplo, quando pensamos em casamento na antiguidade, nos vem a mente uma imagem de cerimônias complexas e noivos arranjados, porém, o casamento na sociedade antiga dependia da vontade do casal e era assinado uma espécie de contrato estabelecendo os direitos da mulher, como o divórcio.  Falando nesse aspecto nem parece que a sociedade egípcia era regida por uma forte influência religiosa, mas para esse momento, não se tem registros de grandes cerimônias religiosas. Leia o post sobre o casamento aqui


Amanhã falaremos sobre a forte presença feminina no panteão egípcio.

Até mais!







segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

AS MULHERES DO ANTIGO EGITO - PARTE 1

Olá, boa noite!


Essa semana apresentaremos um tema muito interessante: o papel da mulher na sociedade do antigo Egito.

Desde a época proto-dinástica, ou até mesmo antes, a mulher ocupou uma posição importante na sociedade egípcia e possuía praticamente os mesmos direitos que o homem, elas chegaram a alcançar postos que somente na sociedade atual mulheres conseguiram alcançar.

Primeiramente, vamos situar nosso período histórico. Em textos anteriores falei que o Egito situava-se no nordeste da África às margens do Rio Nilo, e por se tratar de uma região perto do deserto do Saara, o rio tornou-se muito importante para aquela civilização. Sabemos também que a sociedade  se estruturava em torno da figura do faraó, este era responsável por decisões políticas, funções religiosas, etc. 

Imaginando uma pirâmide social, o faraó estaria no topo, abaixo viriam os nobres, sacerdotes, soldados, escribas, comerciantes, artesãos, camponeses e escravos, é nesse universo social em que destacaremos nosso estudo: a mulher. Na literatura escriba, as mulheres eram retratadas em atividades domésticas, cuidando da família, dos afazeres do campo e tecelagem, o que muitos historiadores, baseados nessa representação, acharam que a mulher exercia um papel de submissão.

A pesquisadora Gloria Maria Pratas, afirma que através de um olhar mais aguçado, pode-se concluir que havia uma hierarquia social constituída por critérios econômicos e religiosos, porém a posição da mulher na sociedade egípcia exerceu um caráter bem próxima ao do homem.

Ambos sexos eram responsáveis pela divisão do trabalho, os homens eram responsáveis pela caça e pesca e as mulheres pelo cultivo do campo e afazeres domésticos.

Apesar da discriminação sofrida pelas mulheres ao longo da história, a figura feminina no Egito, se comparada a outras civilizações antigas, com certeza gozava de uma posição social e jurídica privilegiada. Os textos jurídicos encontrados, tratam do casamento, da gestão dos bens, sem esquecer o divórcio, o futuro do patrimônio dos filhos e as questões de herança. (PRATAS, p.6, 2011)

As mulheres do antigo Egito tinham direitos jurídicos, mas que fique claro que se tratava de mulheres com uma situação social mais abastada.

Amanhã falaremos mais sobre esses direitos, está curioso?

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

FORMAÇÃO DO EGITO - ÚLTIMA PARTE

Boa noite, chegamos a última parte do nosso tema da semana, a formação do Egito.



No texto de ontem vimos que o historiador grego Mâneton, que viveu em Alexandria na época da XXXI Dinastia, fez uma lista de todos os faraós do Egito, e o unificador dos dois Egitos teria sido um faraó chamado Menés (nome grego para Narmer). Com o grande incêndio e destruição da biblioteca de Alexandria não se sabe quais fontes usadas pelo historiador. 
Coroa Dupla: Pschent. Representando
Unificação do Egito

Narmer é o primeiro faraó que a arqueologia tem indícios para considerar ele como o grande Menés. A lendária paleta de Narmer, que mostra em uma de suas faces, o faraó com a coroa branca do Alto Egito, e na outra face, o faraó usa a coroa vermelha do Baixo Egito.

Os sucessores de Narmer mantiveram a prática de se casarem com as princesas do norte, e fizeram de tudo para manter a união como um acordo entre as partes e não como uma imposição, porém a destruição da monarquia do Baixo Egito e seu Deus, Hórus "servindo" a Set, fez eclodira diversa revoltas e a I Dinastia acabou se encerrando de forma trágica, com o assassinato do Faraó Qa'a. 


A primeira e segunda Dinastias também são chamadas de período proto Dinástico. A II Dinastia começa com o faraó Hotepsekhmuy, esse nome significa "dois poderes estão pacificados", o que indicaria uma solução pra a crise que se estabeleceu no final da I Dinastia, mesmo assim aconteceram novas crises mais tarde, como a conspiração de Peribsen para derrubar o faraó Nineter (com sucesso), porém o governo de Peribsen foi um total fracasso.

O Faraó Khasekhem assume poder restaurando a crise que não volta mais acontecer, e agora se vê o Deus Hórus como o principal Deus da monarquia egípcia, provavelmente para apaziguar a fúria da população do baixo Egito, o que deu certo, pois a partir daí o Egito seguiu unificado por mais quatro dinastias.

O poder do faraó se tornava maior, dando um status de semi-deus a quem ocupasse o trono, e a ideia de proteção após a morte desse indivíduo vai se tornando mais forte, nasce daí as técnicas de mumificação com objetivo de evitar a putrefação do corpo. Lembrando que as pirâmides aparecem muito tempo depois do período proto dinástico. O endeusamento, ou melhor a deificação do faraó, se concretiza na III Dinastia, aliada à crença na vida após a morte (mumificação).

Assim está configurado o Egito. 


Bibliografia


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